Eu não sou o cara perfeito, nem de longe. Aliás, só pra eu me considerar "bonitinho" já tenho que dar uns três passos pra trás na hora de pentear o cabelo, mas deixa isso pra lá. Pra começar, eu sou hiperativo, tenho déficit de atenção e baixa auto-estima (o pior que é verdade. Tomei remédio tarja preta durante 4 anos da minha vida para hiperatividade, e isso explica grande parte dos meus outros distúrbios). Por isso, não ligue se, ao olhar para mim, encontrar-me agitado, eufórico e mexendo o pé ou a mão. Também não fique nervosa quando eu não entender o que você disser e soltar um sonoro "quê?", mas fique ligada, porque vou usar essa desculpa sempre que não ouvir direito o que você disser. E, para contribuir com tudo, tivemos uma ajuda dos astros: sou canceriano. Mas isso é pra mais tarde.
Então você pensa: "Por que esse cara fica falando mal de si mesmo?". Pois é, eu tento ser muito pé-no-chão quando falo mal de mim. É quase como uma análise socio-antropológica. Quando falo de mim, penso em duas coisas principalmente. A primeira é que falar bem é fácil demais e as pessoas já estão pré-dispostas a ouvir elogios e fazer elogios. Sem contar que falar bem de si próprio não passa credibilidade. Segunda e mais importante: quando você se joga no abismo (um abismo hipotético, obviamente), não existe outro caminho a não ser subir. Por isso, quando eu conheço alguém eu já vou falando mal de mim. Falo mesmo. Mostrados os meus podres, a chance de impressionar é bem maior.
Digo que não sou perfeito por que não sou mesmo. Aliás, se achar perfeito já é uma imperfeição. Visto a minha imperfeição, faço de tudo para ser um pouquinho melhor em todos os dias da minha vida, um dia após o outro. Eu erro muito e isso é um fato. Mas, embora tenha milhares de defeitos, penso muito sobre meus erros, e não me deixo cometê-los novamente. Ou seja, meus erros são todos inéditos (e não sei se posso considerar isso um grande feito). Um grande feito é a experiência. Os erros são apenas uma forma de conhecer os caminhos que posso seguir. Quanto mais ando nos espinhos, mais descubro caminhos novos. Mas e os pés? Não estão machucados? Pois é, mas quando as intenções são boas a cicatrização é rápida.
Mas o que posso tirar dos meus erros? Bom, a hiperatividade nunca me deixou ficar parado. Isso me fez uma excelente companhia, sempre disposto a fazer tudo o que me propuserem. Gosto de ficar do lado e andar por todos os lugares junto. Aí vocês falariam: "beleza, uma excelente companhia. Mas de que adianta uma ótima companhia se ela tem déficit de atenção?". Pois é, é bem complicado, viu. Eu me esforço muito para prestar atenção nas pessoas. Posso dizer que quando a pessoas falam, as pessoas em volta desaparecem. Ou seja, quando você falar, eu só vou prestar atenção em você e mais ninguém. Ouviu? Eu não, porque estou prestando atenção em você.
Então chega o lance da baixa auto-estima. O que é baixa auto-estima? É gostar pouco de si próprio, do próprio corpo e de como veste? Claro que não. Baixa auto-estima (um puta nome cacofônico e com pronúncia super confusa, inclusive) é aprender a valorizar os outros e descobrir que você não é melhor que ninguém, mas que pode melhorar. E sabe o que isso significa? Que eu vou valorizar você mais do que as outras pessoas, porque para mim você é única, e a minha primeira chance é considerada uma das únicas. E é por isso todo aquele "mau jeito" em lidar, desculpa.
Aí, como se não bastasse tudo isso, ainda vêm os astros e me pregam uma peça logo no meu nascimento: sou de Câncer. E o que isso significa? Significa que sou extremista, mas no bom sentido. É o signo que mais confia. É capaz de fazer uma amizade hoje e hoje mesmo convidar para tomar uma cerveja junto e, se ficar tarde, ceder sua cama para a amizade e ficar na rede da varanda. Agora, quando fala de mulher, se o canceriano gosta dela, ele gosta de verdade, viu? E não existe falsidade, porque ele não consegue disfarçar. A mulher é "A" mulher. Confia demais. Se você está com esse cara, agradeça e se orgulhe. É um dos poucos signos que preferem ficar mal a vê-la triste.
Eu não sou um cara perfeito mesmo. E se fôssemos pegar todas os defeitos e colocar lado a lado, teríamos hiperatividade, déficit de atenção, baixa auto-estima e canceriano. Agora, se fôssemos fazer um balanço do que aprendi com tudo isso, diria que nasci companheiro, por natureza me fiz atencioso, por achar os outros melhor, aprendi a valorizar ainda mais as minhas "primeiras oportunidades" e aprendi a ser palhaço pelo simples fato de não aguentar conviver com a tristeza de quem está do meu lado. E se eu fosse tirar uma conclusão de todos esses meus defeitos, acabaria sendo contraditório. Por que sim, eu sou perfeito sim. Sou perfeito na escolha das minhas imperfeições.
André N. Bueno
Você não precisa mostrar seus defeitos, te conheci e você não me falou deles, mesmo assim acho que seriam irrelevantes comparados a sua simpatia e por ser tão divertido.
ResponderExcluirQuem disse que pra ser bom tem que ser perfeito? Se um dia alguém ousou dizer isso não estava batendo bem da cuca.
rs
;)
"Quê??" Hahaha..
ResponderExcluirVocê é perfeito em transformar em qualidades os seus defeitos.
Muito bom o texto!
=*