terça-feira, 28 de junho de 2011

A vida é colorida. Só falta a gente descobrir isso.

Temos que colocar na cabeça que tudo já é difícil por natureza, e que ficar reclamando só piora ainda mais tudo o que já temos que aguentar. O melhor jeito, por isso, é começar a tratar a vida como uma enorme aquarela. Por que, se pensarmos bem, é exatamente o que ela é. Uma aquarela grande, colorida, com seus espaços, percepções, sensações e vontades de mudar. Assim podemos nos transcender de tudo e passear por entre as cores. Seria lindo, não é mesmo? Percebendo a força das cores, maquiamos os problemas e damos força ao que realmente importa. Assim fica mais fácil de encararmos tudo sem medo e resolver o que temos que resolver. E digo mais: se fôssemos espertos, usaríamos as cores como aliadas, ou você acha que as árvores são verdes por acaso? Lógico que não. A esperança do verde é exatamente o que a gente precisa quando fica preso no trânsito e corre o risco de chegar atrasado no trabalho. Cada dia vivido é mais uma oportunidade de perceber que é impossível não perceber as cores, porque estão em tudo. Em tudo mesmo, inclusive em coisas que devíamos esquecer, como em nós mesmos e na nossa ridícula discriminação racial em 'branco', 'pardo' e 'negro' - sem contar nos nossos amigos 'amarelos'. Ainda bem que para compensar isso, fazemos questão de lembrar das piadinhas horríveis que ouvimos todos os dias, que vão desde 'o que é um pontinho amarelo' até às perguntas sobre o porquê do azul do céu - a resposta, aliás, é muito ruim. O mais bacana disso tudo é que as cores são contrastantes até nos próprios significados que elas dão à vida. O azul pode ser triste, mas se fica tudo 'blue', é lindo. O vermelho de sangue não é mais vermelho do que seu significado num coração de pelúcia. O verde lembra as florestas, mas também nos dá a esperança de que um dia os nossos filhos também as conhecerão. O amarelo de fome nunca será tão forte quanto a força do amarelo do sol. O preto do luto não é tão classudo quanto o usado no terno do seu casamento, e o branco das queimadas e da fumaça das bombas de guerra nunca será tão branco quanto o da bandeira de paz. Com certeza existem muito mais cores e opções de mostrar que sem cor, nada tem razão. Mas, não consigo colorir mais as minhas palavras e, por isso, acho que devo desculpas a vocês pela falta de cores no meu texto. É porque realmente deu branco.


André N. Bueno

terça-feira, 14 de junho de 2011

Aprendendo a vi(ver).

Sempre quis saber um pouco mais sobre o ser humano, aprender um pouco mais sobre tudo o que têm para oferecer. São tantas peculiaridades, tantas particularidades, tantos detalhes tão sensacionais que seria delicioso voltar a ser criança pra aprender tudo de novo. As pessoas são tão especiais nas suas singularidades que conseguem atrair a atenção de quem quiserem, sempre que quiserem. A minha atenção, por exemplo, já têm. Minha dúvidas são as mais simples, as minhas simplicidades são as mais complexas e as minhas complexidades são as mais duvidosas. E digo isso com propriedade, porque realmente não consigo acreditar que as pessoas também não tenham o mínimo de curiosidade sobre coisas simples do dia-a-dia. Tipo saber de onde vem a vermelhidão das bochechas na hora da vergonha, por exemplo. É algo que passa tão despercebido para alguns, mas que para outros faz tanta falta. Não dá pra crer que conseguem viver tranquilamente sem querer descobrir o mistério da beleza instantânea que a testa franzida oferece àqueles que fazem birra (as mulheres, então, ficam irresistíveis). Como disse: tudo é tão simples, mas tão simples, que também nos faz franzir a testa. De indagação, desta vez. Na minha opinião, todos deveriam se questionar com as coisas idiotas, tal como o ciúme, os joguinhos, as mudanças de gosto, os gostos propriamente ditos e os ditos que ninguém gosta. Eu, particularmente falando, sou curioso por demais, e tento entender muitas idiotices que tenho problemas para encucar. Por exemplo: acho ridículo um homem não querer entender a TPM - um sacrilégio, quase. Sério. Embora também não consiga entender de jeito nenhum, acho fascinante a capacidade que a TPM tem de provocar as mais diversas sensações como risos, choros, vergonhas, nervosismos, timidez, dengo, etc., e que apenas uma barra de chocolate ou um pote de sorvete consegue 'estragar' toda essa festa. Não é maluquice? Que nada. Maluquice é 'cagar e andar' pra vida, não se interessando por isso tudo da maneira que deveria. Temos que parar de tentar ser tão são nesse mundo insano. 'Parar de ser algo' não é se acomodar com outra coisa. Afinal, já falando de loucura, todos são propensos a ser loucos mesmo. É melhor assumir todas as nossas doideras, ignorâncias, trejeitos e mau-jeitos, e tentar observar a vida direito. Não com os olhos, mas com aquilo que bate dentro do peito.

André N. Bueno

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Tchau.


- Vem cá, a gente precisa conversar.
Vou ser bem direto: eu quero terminar com você. E sabe porquê? Por que cansei de esperar. Cansei das suas promessas, do seu fala-fala, da sua mentira maquiada. Cansei de ser feito de gato e sapato. Cansei de ser sempre ouvidos e você nada. Cansei de ficar sem voz.
- Mas eu não fiz nada.
- Exatamente! Não fez. Aí é que tá o problema.
- Não entendi...
- Você é só prosa. Fala, fala, fala e nada. Queria que entendesse que palavras nem sempre satisfazem. Os tempos mudaram, meu bem. Eu te dei abertura para estar comigo em todos os lugares que ia, e o que você fez?! Preferia ficar ao telefone, à distância, com sua voz melosa e suas palavras vazias.
- Também não é bem assim.
- Ah, não é?! Sério, eu te quis como companheiro. Fechei os olhos e te dei a mão, cara. Eu só queria uma surpresa sua. Só queria fugir do meu mundo de mãos dadas contigo. E quem disse que você me levou pra passear? Que nada. A sua preguiça estragou a nossa relação.
- Não fala isso. Sempre me preocupei com você. Sempre fui aquele que teve palavras pra todos os seus sentimentos. Sempre fui o sustento para suas quedas.
- Aí que está. Quem disse que eu só preciso de palavras? Às vezes eu queria você até calado, mas do meu lado. Queria presença. Queria esforço. Queria estar contigo, mesmo com o seu mau-gosto. Mas vou ser justo também, porque reconheço que sempre tentou me fazer rir. Mas sorrir não era o que sempre queria de você. Afinal, ser companheiro não é sempre fazer rir, mas sim, quando fizer chorar, estar do meu lado pra me dar um abraço quente.
- Não faz isso, por favor.
- A gente não está mais em tempo de discutir, meu bem. Acreditei muito tempo no seu lenga-lenga, nas suas palavras com cobertura de glacê, mas não foi suficiente. Eu só queria alguns bons momentos com você. Algumas boas experiências ao seu lado. Mas você não me deu nada. Você não conseguiu entrar na minha cabeça de vez. A paixão não virou amor. Desculpa, sério, mas seu prazo expirou.

- Tchau.


André N. Bueno