terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Conversa de Casal

Era noite e Fernanda chegava do trabalho. Visivelmente cansada, estava a semana inteira preocupada com a falta de diálogo com o Luís, seu marido, o que a fez chegar em casa já enfurecida, soltando fogo pelas "ventas". Por coincidência, encontra o dito cujo sentado à mesa e, obviamente, já o metralha com um monte de questionamentos:

- Luís, o que está acontecendo com a gente? É sério, estou começando a ficar preocupada. Eu chego em casa todo santo dia e encontro você aí nessa cadeira, olhando para essa porcaria de televisão e zapeando todos os canais com essa porcaria de controle remoto. Toda vez é a mesma coisa. A gente não conversa mais. Nunca mais. Nem uma palavrinha sequer. Como pode isso?

Só para sua informação, eu li num livro desses aí que as mulheres precisam falar sete mil palavras por dia. Ouviu? 7000 palavras. Nosso caso está tão sério, mas tão sério, que se a gente conversa umas três frasezinhas por dia já é muito. Se nossas conversas fossem sexo, seria como naquelas vezes que a gente... que você... bom, deixa isso pra lá.

E mais. Nós somos casados, Luís. Ca-sa-dos. Não é só fidelidade que eu preciso. Também preciso de atenção e carinho. Preciso de alguém que pergunte como foi o meu dia. Que me diga palavras bonitas sem eu precisar dizer nada. Nos nossos votos, prometi ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Mas não me lembro em nenhum momento de ter prometido ser fiel no "silêncio e na falação".

Eu tô falando de verdade. Se eu falei isso sem notar, no "calor" do momento, vou ter que ir àquela igreja pra ter um papo sério com o padre e tentar desfazer isso. Aliás, acho que vou fazer isso mesmo, viu. Pelo menos, na pior das hipóteses, ele vai me escutar, né. Luís, ô Luís, você tá me ouvindo?

É, sério... acho que se isso continuar, vou começar a fazer uma greve de sexo e...

(Fernanda é interrompida abruptamente por Luís antes mesmo de terminar sua fala)

- Tá bem, amor, eu converso com você... só espera eu terminar de jantar.
- Ah, agora também não quero mais não, já falei demais.


André N. Bueno
@dedenb

Um comentário:

  1. Ahhhh, Fernanda também leu! Pensei que só eu usava esse argumento das 7000 palavras! rs..

    Bem divertido e REAL o diálogo. Você entende da coisa!

    Eu vou tentar lembrar do voto de "silêncio e falação" no meu casório. hahaha..

    =**

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