segunda-feira, 9 de maio de 2011

Sabedoria de menos.

Busco sempre entender atitudes, gestos, pessoas, opiniões, gostos, hobbies e mais um monte de parafernálias que rodeiam a minha vida. Tudo isso em vão. É tudo tão mais complexo do que imagino, que meus poucos anos vividos não são suficientes para acompanhar e compreender nem 10% de todo esse conteúdo maluco que a mídia especula. Imagina o resto que não tenho conhecimento nem da existência? Reconhecendo a minha ignorância, me preparo para a guerra.

É exatamente isso o que digo: A soberba predomina e a humildade se retrai, recheando o mundo com “especialistas” que não sabem nem quem são, muito menos o que são capazes de fazer. O egocentrismo se torna a venda nos olhos de indivíduos que se dizem sapientes, mesmo pertencendo a uma sociedade totalmente fugaz e cujo conhecimento é tão volátil quanto à idade-útil de um periódico qualquer. A “cegueira moderna” se tornou ainda mais freqüente com a popularização da internet, que tem a capacidade de omitir a realidade e possibilitar a criação de personagens que norteiam o seu conhecimento em frases de Clarisse Lispector e definições da Wikipédia.

Só nos resta, nesse infinito de informações, tentar desenvolver pequenas habilidades de filtragem que no contexto dito se aproximam muito mais de um processo de reciclagem do que de absorção. Sendo o mais franco possível, tem porcaria presente em quase totalidade das coisas que presenciamos, clicamos, assistimos e interagimos; mas, para não me mostrar totalmente radical, assumo que se apertarmos os olhos conseguiremos enxergar algo legal e apreciável. Me contradizendo, isso só será possível a partir do momento em que criarem a definição para “bom” e “ruim”. Enquanto não existe, a melhor alternativa é consumir de tudo. Afinal, um dia pode vir a ser útil, não é?

Por isso que mantenho minha postura de ignorante, pois sei que se me posicionar como tal, ‘menos’ pode ser ‘mais’. A internet é uma ferramenta e não uma ditadora de comportamento - quem faz isso são as pessoas. O que não impede seu uso para o meu eterno cultivo na plantação de curiosidade, fortalecendo pra essa guerra e esse bombardeio constante de informação. Mas com um porém: de olhos abertos. Se mais pensassem assim, teríamos um mundo mais observador, curioso, humilde, compreensivo, menos especialista e que, talvez, na hora da urna, votariam em ter sabedoria de menos.


André N. Bueno

Um comentário:

  1. Sócrates (consequentemente Platão), e até José Saramago já nos alertaram sobre isso. E parece difícil de entender para alguns.

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