terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu não sou um cara perfeito.

Eu não sou o cara perfeito, nem de longe. Aliás, só pra eu me considerar "bonitinho" já tenho que dar uns três passos pra trás na hora de pentear o cabelo, mas deixa isso pra lá. Pra começar, eu sou hiperativo, tenho déficit de atenção e baixa auto-estima (o pior que é verdade. Tomei remédio tarja preta durante 4 anos da minha vida para hiperatividade, e isso explica grande parte dos meus outros distúrbios). Por isso, não ligue se, ao olhar para mim, encontrar-me agitado, eufórico e mexendo o pé ou a mão. Também não fique nervosa quando eu não entender o que você disser e soltar um sonoro "quê?", mas fique ligada, porque vou usar essa desculpa sempre que não ouvir direito o que você disser. E, para contribuir com tudo, tivemos uma ajuda dos astros: sou canceriano. Mas isso é pra mais tarde.

Então você pensa: "Por que esse cara fica falando mal de si mesmo?". Pois é, eu tento ser muito pé-no-chão quando falo mal de mim. É quase como uma análise socio-antropológica. Quando falo de mim, penso em duas coisas principalmente. A primeira é que falar bem é fácil demais e as pessoas já estão pré-dispostas a ouvir elogios e fazer elogios. Sem contar que falar bem de si próprio não passa credibilidade. Segunda e mais importante: quando você se joga no abismo (um abismo hipotético, obviamente), não existe outro caminho a não ser subir. Por isso, quando eu conheço alguém eu já vou falando mal de mim. Falo mesmo. Mostrados os meus podres, a chance de impressionar é bem maior.

Digo que não sou perfeito por que não sou mesmo. Aliás, se achar perfeito já é uma imperfeição. Visto a minha imperfeição, faço de tudo para ser um pouquinho melhor em todos os dias da minha vida, um dia após o outro. Eu erro muito e isso é um fato. Mas, embora tenha milhares de defeitos, penso muito sobre meus erros, e não me deixo cometê-los novamente. Ou seja, meus erros são todos inéditos (e não sei se posso considerar isso um grande feito). Um grande feito é a experiência. Os erros são apenas uma forma de conhecer os caminhos que posso seguir. Quanto mais ando nos espinhos, mais descubro caminhos novos. Mas e os pés? Não estão machucados? Pois é, mas quando as intenções são boas a cicatrização é rápida.

Mas o que posso tirar dos meus erros? Bom, a hiperatividade nunca me deixou ficar parado. Isso me fez uma excelente companhia, sempre disposto a fazer tudo o que me propuserem. Gosto de ficar do lado e andar por todos os lugares junto. Aí vocês falariam: "beleza, uma excelente companhia. Mas de que adianta uma ótima companhia se ela tem déficit de atenção?". Pois é, é bem complicado, viu. Eu me esforço muito para prestar atenção nas pessoas. Posso dizer que quando a pessoas falam, as pessoas em volta desaparecem. Ou seja, quando você falar, eu só vou prestar atenção em você e mais ninguém. Ouviu? Eu não, porque estou prestando atenção em você.

Então chega o lance da baixa auto-estima. O que é baixa auto-estima? É gostar pouco de si próprio, do próprio corpo e de como veste? Claro que não. Baixa auto-estima (um puta nome cacofônico e com pronúncia super confusa, inclusive) é aprender a valorizar os outros e descobrir que você não é melhor que ninguém, mas que pode melhorar. E sabe o que isso significa? Que eu vou valorizar você mais do que as outras pessoas, porque para mim você é única, e a minha primeira chance é considerada uma das únicas. E é por isso todo aquele "mau jeito" em lidar, desculpa.

Aí, como se não bastasse tudo isso, ainda vêm os astros e me pregam uma peça logo no meu nascimento: sou de Câncer. E o que isso significa? Significa que sou extremista, mas no bom sentido. É o signo que mais confia. É capaz de fazer uma amizade hoje e hoje mesmo convidar para tomar uma cerveja junto e, se ficar tarde, ceder sua cama para a amizade e ficar na rede da varanda. Agora, quando fala de mulher, se o canceriano gosta dela, ele gosta de verdade, viu? E não existe falsidade, porque ele não consegue disfarçar. A mulher é "A" mulher. Confia demais. Se você está com esse cara, agradeça e se orgulhe. É um dos poucos signos que preferem ficar mal a vê-la triste.

Eu não sou um cara perfeito mesmo. E se fôssemos pegar todas os defeitos e colocar lado a lado, teríamos hiperatividade, déficit de atenção, baixa auto-estima e canceriano. Agora, se fôssemos fazer um balanço do que aprendi com tudo isso, diria que nasci companheiro, por natureza me fiz atencioso, por achar os outros melhor, aprendi a valorizar ainda mais as minhas "primeiras oportunidades" e aprendi a ser palhaço pelo simples fato de não aguentar conviver com a tristeza de quem está do meu lado. E se eu fosse tirar uma conclusão de todos esses meus defeitos, acabaria sendo contraditório. Por que sim, eu sou perfeito sim. Sou perfeito na escolha das minhas imperfeições.


André N. Bueno

2 comentários:

  1. Você não precisa mostrar seus defeitos, te conheci e você não me falou deles, mesmo assim acho que seriam irrelevantes comparados a sua simpatia e por ser tão divertido.
    Quem disse que pra ser bom tem que ser perfeito? Se um dia alguém ousou dizer isso não estava batendo bem da cuca.
    rs
    ;)

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  2. "Quê??" Hahaha..

    Você é perfeito em transformar em qualidades os seus defeitos.

    Muito bom o texto!

    =*

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